domingo, 26 de dezembro de 2010

CINZAS DO TEMPO



Cinzas do Tempo


Há muito tempo
as pegadas na estrada
o vento apagou.
As pedras que indicavam o caminho
foram retiradas
e nada mais restou.
Só imagens borradas
que as cinzas das queimadas
em pó transformou.
Estou voltando pela mesma estrada,
ou será que estou enganada...?
Tudo a minha volta se transformou.
Na  paisagem que os meus olhos encantou,
nada mais brotou.
Só árvores retorcidas,
Cinzas amanhecidas
de um castelo de sonhos
que com o tempo desmoronou.
É o fim da estrada
Ou o início de mais uma jornada?


Débora Benvenuti

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A Verdade e a Hipocrisia





A Verdade e a Hipocrisia



A Hipocrisia é uma Verdade
dita de forma desleal.
Contém significados
muito diversificados.
O hipócrita diz o que não sente
e sente o que não diz.
A Verdade se liberta
e tem sempre um destino certo:
Investe nos sentimentos
e sempre está alerta,
enquanto a hipocrisia
diz coisas desconexas.
A hipocrisia se veste
das Verdades que esconde
debaixo das vestes.

Débora Benvenuti

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Noite me faz lembrar Você





A noite me faz lembrar você




O silêncio se faz ouvir.
A noite estende o seu tapete mágico
salpicado de estrelas
e nelas eu imagino
a tua imagem a refletir.
Já te idealizei tantas vezes,
te fiz promessas.
Te esperei nas horas incertas,
mas nunca deixei de acreditar
que um dia virias me buscar.
A noite me faz lembrar você.
Silenciosa.
Longa e majestosa,
como todas as noites
deveriam ser.
As noites que imaginei
passar com você...
Acaricio o teu rosto.
Desejo o teu corpo.
Desenho a tua silueta
no escuro do meu quarto.
As horas se arrastam lentamente
e você não sai do meu pensamento.
Teu sorriso me encanta.
Tua boca me seduz.
Tua imagem se delineia
no facho de luz,
que se infiltra
pela janela entreaberta.
E toda a noite,
eu te espero no meu quarto.
Sem o teu carinho,
eu me perco em devaneios
e te sinto mesmo assim,
como a brisa que sopra
com perfume de jasmim.


Débora Benvenuti

domingo, 19 de dezembro de 2010

Casado X Divorciado




Casado x  Divorciado

  

O casado está acostumado
a encontrar tudo arrumado,
enquanto o divorciado
está sempre agoniado.
Não encontra os calçados
nem a roupa passada.
No roupeiro e no banheiro
há sempre uma toalha molhada.
No chão,
o tapete está mofado.
O casado se ufana
de nunca ter sido enganado,
enquanto o divorciado
está sempre preocupado,
com o que possam estar pensando
os amigos,
agora que ele está separado.
Ficam de olho nas esposas
pensando que o divorciado
possa ser algum tarado...
O casado pensa que está seguro
e muito bem amarrado,
enquanto o divorciado
desata os laços com o passado.
O casado sonha
 em pular a cerca da vizinha.
 Espia com o binóculo
pela janela da cozinha
e enxerga o divorciado
que não está mais só...
Toma um drink com a vizinha!


Débora Benvenuti

Amor Incerto


Amor Incerto


Não posso prometer
um amor incerto,
feito de promessas,
isto não é honesto.
Não finjo que não escuto
as palavras carinhosas,
os versos cheios de ternura.
Esse amor tão cheio
de venturas
que me dedicas
de forma tão singela.
Se eu pudesse te amar
e tudo fosse assim tão fácil,
com certeza eu te amaria
e de você nunca mais
 me separaria.
Mas não se ama com palavras,
nem com palavras
se pode amar.
É preciso sentir com a alma
e deixar o amor desabrochar,
como se fosse uma flor
que um jardineiro rega,
com todo o amor.
Mas se a flor não florir,
não é culpa do jardineiro,
talvez seja apenas uma flor
que não desabrochou por inteiro.


Débora Benvenuti

sábado, 4 de dezembro de 2010

CENÁRIO DE CINEMA



Cenário de Cinema



Um cabana pequenina
iluminada pela chama da lareira,
que fica acessa a noite inteira.
Na mesa de madeira,
a ceia servida
ainda está aquecida.
Lá fora o frio é intenso.
A neve cai em flocos
tão branquinhos,
que deixa os caminhos
ainda mais gelados,
enquanto dentro da cabana
tudo é tão quentinho.
Batem à porta
e o som evoca uma lembrança
tão distante,
de outros Natais
que não existem mais.
Ficaram esquecidos na lembrança
de quando eu ainda era criança.
O calor das chamas é aconchegante.
Esqueço esses pensamentos
agora tão distantes
e abro a porta da cabana.
Lá fora o frio é cortante
e o visitante entra trêmulo e hesitante.
Retira a capa e a echarpe
que o protegia da noite fria.
Suas mãos estão protegidas
por luvas grossas de alpinista.
Percebo que está cansado e ofegante.
Talvez tenha errado o caminho
e se perdido entre as montanhas
que a neve cobriu de mansinho.
Convido-o a se aquecer,
esperar a neve derreter,
talvez o dia amanhecer,
para que o visitante
possa o seu caminho de novo ver.
A noite é tão perfeita
que até parece cenário de cinema.
Complete você agora a cena
que se passou na cabana,
depois que o visitante
junto ao fogo da lareira,
do pesado abrigo se livrou
e a sua estória contou...


Débora Benvenuti