quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A Muralha Invisível







Meus passos apressados
se perdem na bruma do passado.
Tudo o que eu havia pensado
hoje não tem mais nenhum significado.
Percorro as ruelas estreitas
do tempo e me vejo perdida
num emaranhado de laços,
treliças de momentos
adornados de tormentos.
Tento desvencilhar-me,
desfazer os laços,
caminhar sobre os meus próprios passos.
Mas vejo que por mais que o faça,
continuo presa numa muralha invisível,
que me prende os braços.
Te vejo do outro lado a acenar-me,
com os olhos marejados de lágrimas.
São lágrimas que escorrem na tua face,
misto de desejo e renúncia
de um amor que nunca poderá
se tornar realidade.



Débora Benvenuti

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A Espera




Lá fora a noite é escura
e nem mesmo a lua,
que me acompanha nessas horas,
fica a espera
de que eu venha
falar com ela.
Quantas vezes nos falamos
e quantos sonhos, sonhamos,
somente eu e ela,
a conversar a noite inteira.
Falamos de Amor
e de corações enamorados,
que já foram tão magoados,
mas que ainda estão a espera
de que não sejam mais enganados.
Amor...quem não conhece o Amor
e já não foi por ele flechado?
Há quem diga que o amor
já nasce sentindo dor,
e que habita os corações
mesmo daqueles que não acreditam
nessa doce ilusão,
que só faz sentido
quando é vivido
por um coração
que já perdeu a noção
do que é estar a espera,
para viver novamente
um grande Amor,
mesmo que para isso
seja preciso enfrentar
novamente...A Espera...


Débora Benvenuti

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Mãe



Não há definição para a palavra Mãe!
Por mais que eu procure uma explicação,
nunca vou encontrar algo que defina
essa sensação de ser Mãe.
Uma palavra tão pequena,
para quem o tempo não existe.
Noites inteiras,
com os filhos pequenos,
observando o seu sono
para ver se a febre
ficou mais amena...
Amor de Mãe,
não tem explicação.
Foi assim que aprendi
uma grande lição,
vendo na minha mãe,
a dedicação que dispensava aos filhos,
esquecendo-se dela própria
para dar educação
àquelas crianças às quais dizia
não serem dela,
serem apenas uma dádiva,
que Deus colocou em suas mãos,
para que cuidasse delas
e as transformasse em cidadãos.
Pessoas honestas, sem máculas
nem manchas em sua criação.
E com esta percepção,
criou os seus filhos.
Com esta mulher
aprendi uma grande lição,
que ensino aos meus filhos
com todo o meu coração
e espero que eles um dia
passem aos seus filhos
os ensinamentos que receberam
da minha Mãe!



Débora Benvenuti

Uma homenagem à minha filha Larissa!

sábado, 8 de novembro de 2014

Alma de Artista




Sentimentos...Sensações...Vida.

Um pouquinho de ilusão.
Pinceladas de emoção,
vão dando um suave colorido
às telas de um artista
que faz da vida,
a sua obra mais perfeita.
Vejo a alma de artista
retratada com perfeição,
embora nem ele mesmo saiba
como faz com exatidão,
cada detalhe em que lança
pinceladas de tinta
com tamanha precisão.
Se esmera e faz questão
de pincelar cada traço
com a magia de quem já viveu
cada momento que descreveu,
com evidente paixão,
amores, alegrias e frustrações.
Não existe nada que o impeça de retratar,
com imensa dedicação,
em meio a telas, tintas e cheiros
que transmite por inteiro
o retrato da própria vida
pinceladas com esmero.



Débora Benvenuti 

Homenagem a um grande amigo,poeta,pintor e escritor
Carlos Fonttes

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Ecos que eu não ouvi




Eu queria viver de esperança,
mas só me resta a lembrança,
de um passado que eu não vivi.
Eu queria ser quem não sou,
E sou quem eu não queria ser.
Em algum lugar alguém me espera
e eu não sei pra onde ir...
De tudo o que eu vivi,
apenas o que sobrou são Ecos...
...Ecos que eu não Ouvi...
Escute... são apenas Ecos...
Ecos que se espalham no silêncio,
como uma folha ao vento,
flutuando no imenso vazio
que se formou quando você partiu...
A tua lembrança ainda insiste
e persiste, como um poema triste,
que a voz do vento carrega,
como se fosse um lamento,
numa noite quente,
que não tem mais fim.


Débora Benvenuti

Se houvesse Amanhã



Anoitece...
Mais uma vez anoitece,
e tudo se torna escuro e sombrio,
meu coração se entristece,
quando vê que padece,
de uma dor que nunca sentiu.
Você chegou e partiu,
numa noite quente e estrelada,
quando ainda era madrugada
e nem me disse o que faria.
se um dia me encontrasse
e me visse assim tão cansada.
A cada instante eu sinto,
que se houvesse um outro amanhã,
Ele nos encontraria deitados,
novamente no mesmo divã.
E assim, como quem não quer nada,
você me diria,
que a roupa você não tiraria,
enquanto eu estivesse calada,
e como eu não dissesse
o quanto eu queria,
você saberia,
o que nós dois viveríamos,
e assim, esse dia,eu lembraria,
de um menino levado,
que só fica deitado,
enquanto meu corpo suado,
me diz que é nesse abraço,
que escorrego nos teus braços
e me perco no teu cansaço!


Débora Benvenuti

As duas Portas




Sigo por uma estrada
quase sempre sozinha,
e por mais que eu caminhe,
meus passos cansados
da longa jornada,
tropeçam exaustos
nas pedras do caminho.
Percebo ainda que tenho
muito que andar,
nesta longa jornada
não posso parar.
Se juntasse as pedras
que encontrei nesta estrada,
na certa daria para
uma cabana construir,
e nela meu corpo cansado
poderia dormir.
E sempre que durmo,
acordo assustada,
é que o caminho
não é mais uma estrada.
Ao longe percebo
que há duas entradas
e a escolha fica mais complicada:
- Qual destas portas eu devo abrir?
E se depois de aberta,
se eu devo seguir.
Então fico na dúvida,
se não é a outra porta
que eu devo abrir.
Enquanto hesito...desisto.
E as duas portas trancadas
eu deixo de abrir...


Débora Benvenuti